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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

* Procura por concurso público cresce 15% ao ano entre brasileiros

Mas o que será que leva milhões de brasileiros a estudar horas a fio para enfrentar um concurso público?

O mesmo discurso mais de 200 vezes por dia. “Tem turma manhã, tarde e noite”. E não é só pelo telefone, não. Por mês, milhares de pessoas vão à sede do curso pedir informações. “Eu gostaria de fazer um curso que abrangesse os três concursos”.

A procura por cursos preparatórios para quem quer prestar concurso público cresce cerca de 15% ao ano. Em uma única escola, são mais de 5 mil alunos. E muitos estão lá há algum tempo. “Eu estudo umas oito horas ou dez horas por dia. Na reta final, diversão não existe”, disse um estudante. A dedicação não tem sexo, idade, nem profissão.

Tem homem, mulher, gente com menos de 20, com mais de 30, mais de 50, administrador de empresas, analista de sistemas, auxiliar administrativo... Todos buscam a carreira pública pela mesma razão: estabilidade. “É aquele medo de perder o emprego”, contou Linda Youssef Sofia.

“Os salários são um pouco melhores”, disse a professora Luciana Maria Cristiano. As cifras oferecidas enchem mesmo os olhos.

Em um dos concursos mais procurados, o do Banco Central, que acabou de abrir as inscrições, o salário varia de R$ 5 mil a R$ 12 mil. No IBGE, R$ 7,4 mil. Um auditor da Receita Federal começa ganhando R$ 13 mil.

Só que antes tem de vencer mais de 170 candidatos. Concorrência quatro vezes maior que a do vestibular de Medicina da USP.

Por isso, muita gente faz qualquer sacrifício para passar em um concurso público. E um destes candidatos se identifica como concurseiro solitário. Já prestou mais de 15 concursos. O jeito mais fácil de falar com ele é pela internet. Charles se isolou, saiu de São Paulo e foi morar no interior de Minas, justamente para estudar.

“Aprendizado demanda atenção. Em São Paulo, os amigos querem sair, e acaba tirando o concurseiro desse foco. Fiz um grande bazar, juntei uma grana, fiz um pé de meia, para justamente poder me manter nesse tempo”.

Há dois anos, Charles criou um blog para conversar com outros concurseiros. A página na internet recebe 5 mil visitantes por dia. “Tem muita gente que manda mensagem para mim, dizendo achar que só eles tinham esse problema, só eles tinham essas dúvidas, e quando leram o artigo, viram que não estão sozinhos”, conta Charles.

Estudar para um concurso público é um momento de bastante ansiedade; os concurseiros ficam cheios de dúvidas. Por isso, levamos dois especialistas no assunto até um cursinho. Alexandre Meirelles, fiscal da Secretaria de Fazenda, já passou em cinco concursos, e o Demétrio Pepice, fiscal da Secretaria de Fazenda, já passou em quatro, dois em 1º lugar, entre eles o de auditor fiscal da Receita Federal, um dos mais concorridos do Brasil.


- Alexandre, como controlar a ansiedade na hora da prova?

Alexandre: Saia da prova, levante um pouco, dê uma respirada, vá ao banheiro, faça qualquer coisa, volte que depois as coisas vão se arrumando.

- Demétrio, você indica que a gente comece a prova pelas questões que têm mais afinidade ou pelas mais difíceis?


Demétrio: Começar pelas matérias que você tem mais domínio, até para diminuir um pouco a ansiedade.

- Qual a melhor estratégia para vencer essa concorrência, como pensar nessa concorrência?

Alexandre: Não se preocupe com a concorrência, se preocupe com você. O maior concorrente que você tem é você mesmo.

Bruna sabe bem o que é isso. Antes de enfrentar outros candidatos, teve que vencer as dificuldades da própria vida. Com salário de atendente de farmácia, ela não conseguia pagar a faculdade e acabou largando o curso de Direito.

Começou a estudar para entrar na carreira pública e foi aprovada em dois concursos que exigem 2º grau completo: no Tribunal de Justiça e no Tribunal Regional do Trabalho, no Rio.

“É muito sacrificante, só que vale muito a pena ver seus sonhos realizados. Você começa a ver que pode mudar. A minha vida deu uma virada de 360º, hoje eu estou conseguindo reformar a casa da minha mãe, vou poder comprar meu carro, vou poder fazer muitas coisas que antigamente eu não tinha nem perspectiva de conseguir fazer”, contou Bruna, que é técnica judiciária do TRT-Rio.

Persistência é mesmo fundamental. “É importante dar a notícia de que eu fui reprovado em vários concursos. Fui reprovado em Colégio Naval, para oficial de Justiça, para promotor de Justiça, e duas vezes para juiz”, lembrou William Douglas.

Hoje, ele é conhecido como o guru dos concursos. Passou em nove, sendo que, em cinco, em 1º lugar. “Entenda que concurso é um projeto de médio a longo prazo. Entenda que ninguém passa da noite para o dia, e que existem três grandes áreas. Aprender a estudar, aprender a se organizar e aprender a fazer prova”, acredita.

Nelson aprendeu direitinho: foi o primeiro colocado na prova do Banco Central em 2005. Para ele, saber qual concurso prestar é tão importante quanto ser aprovado. “A pessoa tem que escolher aquela área onde ela se sente bem, onde ela acha que vai ser feliz e realizada profissionalmente. Fazer um bom concurso e tentar pensar só no salário pode fazer com que o candidato fique frustrado se as condições de trabalho não são aquelas que ele esperava no início”, disse Douglas.

Realização profissional é o sonho de Renato. Ele é professor em um cursinho preparatório para concurso público. E candidato a uma vaga! “Já prestei concurso para o Ministério Público Federal. E cheguei até a terceira fase. Isso significa que eu não vou desistir. Sou brasileiro”, brincou o professor Renato Neves de Oliveira, advogado e professor universitário e de curso preparatório.

Fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1396713-15605,00-PROCURA+POR+CONCURSO+PUBLICO+CRESCE+AO+ANO+ENTRE+BRASILEIROS.html

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