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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

* Ela, robô


Feira de robótica traz Actroid, réplica de uma mulher japonesa reconhecida como a mais parecida com o ser humano até hoje

“Desculpe. Não vou me casar com você porque não é um bom momento. Mesmo sendo um robô com inteligência artificial, eu prometo pensar no caso.” O robô Actroid, uma das principais diversões da Feira Internacional de Robótica e Tecnologia (Robotec Fair 2009), não aceitou o pedido de casamento do repórter, mas a questão integra uma lista de 600 perguntas respondidas por ela. De acordo com o Guinness Book, o livro dos recordes, a réplica de uma típica mulher japonesa é a criação mais parecida com o ser humano em todos os tempos. Na tarde de ontem, ela foi eleita com folga como atração mais interessante pelo público. Sua companhia, entretanto, foge dos orçamentos familiares: é estimada em US$ 200 mil (cerca de R$ 350 mil).

Há muito mais o que se ver no espaço, desde robôs tão avançados como o Actroid até brinquedos de montar específicos para crianças de até 10 anos. O interesse primordial do público, porém, recai invariavelmente sobre projetos de alta tecnologia, como o humanoide Nao. Desenvolvido pela Aldebaran Robotics, sediada na França, o robô realiza inúmeras atividades: interage e conversa com as pessoas, joga futebol e até responde e-mails. Quando conectado à internet, o equipamento lê a mensagem recebida, ouve e responde o contato de acordo com o que foi ditado. Ontem, Nao encantou o público ao dançar.

Essas atrações foram a forma encontrada para atingir um dos objetivos da feira: disseminar a tecnologia no país. “Queremos mostrar e valorizar o patrimônio cultural existente no Brasil. Somos conhecidos por exportar cérebros para países mais desenvolvidos por falta de estrutura”, explica Luiz Saldanha, presidente do Instituto Internacional de Co­­municação e Cultura (Origem), en­­tidade organizadora da feira. E a intenção efetivamente foge do discurso: escolas públicas têm gratuidade garantida e oficinas grátis são organizadas. Realizada pela primeira vez no país, a escolha por Curitiba ocorreu em função do movimento nas festas para a comemoração dos cem anos da imigração japonesa no Brasil, no ano passado. A expectativa é receber 50 mil pessoas até domingo.

Professor de Matemática e Física do Colégio Estadual Pedro Ma­­cedo, Roberto Rodrigues Con­­treira aproveitou a ocasião para levar um grupo de alunos a um mundo distante da sala de aula. “O estudante sempre quer saber onde vai usar o conhecimento aprendido. Com a visita, tento acabar com o conceito de só querer aprender o que parece ter uso evidente e prático”, esclarece. Outro dos benefícios para os alunos é a possibilidade de entender as ciências exatas como algo mais agradável. “Eles veem o conteúdo aprendido na sala de aula na programação de jogos, nos simuladores, em robôs com sensores óticos”, diz.

Encontro de interesses

A feira realiza sem querer um encontro de interesses entre projetos e possíveis interessados. No estande do Grupo Antibomba do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar, há a demonstração de um canhão atirador de água usado para desarmar bombas, sobretudo os sistemas improvisados (geralmente funcionam à base de energia elétrica). No espaço ao lado, ocupado pelos cursos de engenharia da Universidade Positivo (UP), um estudante desenvolveu uma plataforma móvel pensada para esse tipo de situação. “Uma das possíveis aplicações pensadas era justamente essa: evitar que as pessoas, como integrantes do Exército, se coloquem em situações de risco”, explica Luiz Alberto Bordignan, estudante do 3.º ano de Engenharia da Computação e encarregado-chefe do protótipo.

O projeto de Bordignan, aliás, lembra os robôs desenvolvidos e usados pelos esquadrões antibomba dos Estados Unidos, pensados para abrir carros e portas, realizando trabalho semelhante ao de um oficial. “Outros produtos serviram de base para o projeto, mas eles tinham rodas. Com essa estrutura (uma espécie de esteira), pode-se chegar a lugares em que a condição é ruim ou que tenham algum tipo de desnível”, diz. O equipamento também tem controle remoto via rádio e sensibilidade que responde ao movimento da mão. Apesar do interesse mútuo, o encontro foi uma coincidência. Não há parceria entre a instituição e o COE.

Nos últimos anos, a UP permite aos acadêmicos de Engenharia da Computação um aprofundamento maior na área de robótica. Con­­forme Edson Pedro Ferlin, coordenador do curso, o investimento nessa linha de pesquisa ocorreu por necessidade. “Sempre foi um nicho de mercado, mas ganhou corpo nos últimos anos”, diz. “Com isso, formam-se profissionais mais versáteis.”


Possibilidade de aprendizado

É possível ver de tudo na Robotec Fair 2009: videogames de última geração, carrinhos, aviões e helicópteros por controle remoto e até uma espécie de hóquei entre robôs controlados por humanos. Mas nem só de diversão vive a tecnologia, há estandes voltados à educação de crianças. Um deles vende uma espécie de lego, que pode ser usada para a montagem de diversos meios de transporte, eletrodomésticos e outras estruturas. Há o modelo ideal para pequenos do 1.º ao 5.º ano, moldes mais avançados para estudantes entre o 6.º e o 9.º ano e projetos bastante elaborados, para alunos do ensino médio.

“O kit vem com as peças e uma apostila. No caso das crianças pequenas, é ideal para ensinar coordenação, concentração e trabalho em grupo”, explica Bianca Malito, coordenadora da Pimpão Tecnologia Educacional. Desen­volvido para ser usado exclusivamente por instituições de ensino, Bianca explica que o projeto chegou a ser implantado em escolas públicas de diferentes cidades. Outros brinquedos, usados individualmente, podem auxiliar no aprendizado da robótica, caso dos estandes da Mindstorm e Mo­­delix. As linhas de produtos variam entre invenções simples e projetos engenhosos. O preço varia na mesma proporção da dificuldade.

Experiência

A robótica se disseminou no Ensino Médio da Escola Técnica Everardo Passos, sediada em São José dos Campos, interior de São Paulo. A instituição promove aulas de eletrônica e robótica aos seus alunos. Neste ano, alguns estudantes participaram de uma competição nacional de robótica, ficando em 3.º lugar. “Nós partimos de uma teoria, de um projeto. Fazemos testes para ver se é viável. Depois, vamos aos desenhos e à criação das peças”, conta o estudante da 3.º série do ensino médio e técnico em Mecatrônica Nicolas Braga Araújo, 17 anos.

FONTE: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=936967

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