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segunda-feira, 7 de abril de 2008

* VIVER BEM - Cadê o respeito?

O respeito, valor difícil de conceituar, parece ter perdido o sentido no cotidiano das grandes cidades. Respeitar é antiquado. Mas é do respeito que depende a nossa convivência social

A origem da palavra respeito diz muito sobre o seu significado. Respeitar, do latim respectare, significa olhar muitas vezes para trás. Olhar para trás para ver o outro, para perceber quem está perto de nós. Com o crescimentos das cidades e o conseqüente afastamento das pessoas, parece que o cidadão está olhando cada vez menos – para trás ou para o lado –, e perdendo a sensibilidade para com o outro. Pequenas atitudes de falta de respeito são mais toleradas, como uma buzinada desnecessária no trânsito, uma grosseria do filho adolescente, uma “furadinha” de fila, ou uma piada grosseira que fere escolhas religiosas ou sexuais. Paga-se um preço para essa tolerância: sem o respeito, a vida em sociedade fica quase insuportável.
A filósofa Maria Isabel Limongi, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), diz que respeito é mais do que um conceito. “Está associado aos direitos fundamentais do homem e do cidadão. Tem ligação com a nossa relação com o outro”, diz Isabel. Ela afirma que o respeito também está ligado aos vínculos morais e jurídicos, que regulam o nosso comportamento. “São valores comuns, cultivados no interior da comunidade, ligados à dignidade e à ética.”
Na teoria, as leis deveriam impedir que muitos fizessem o que “lhes desse na telha”. Com os códigos morais, que não são regidos por leis palpáveis, deveria acontecer a mesma coisa. A liberação na educação das crianças pode ser um dos motivos dessa falta de sensibilidade no convívio. Há quem reconheça em um certo psicologismo vigente na relação pais-e-filhos a origem de poderes ilimitados das crianças. Que vão crescer julgando-se dispensadas de olhar para trás, de observar o espaço do outro.
“A educação familiar deixou de ser rígida, censuradora do desejo das crianças à liberação total. Temos toda uma geração de jovens que é hoje fruto desse liberalismo”, diz a psicóloga Adriane Picchetto.
Outro fator que na opinião dela contribuiria para, digamos, a impopularidade do respeito, é a falta de punição à corrupção e outros atos ilegais. “A certeza da punição, ou de uma reprovação social ajudaria as pessoas a se manterem dentro da lei. Mas acontece o contrário. Muitas vezes quem é valorizado é o malandro, aquele que escapa da lei”, diz.
A vida da metrópole, que promove o isolamento e o individualismo, também contribui para diminuir valores comuns. “É na vida social que se constrói a relação com o outro. E a metrópole dificulta a proximidade”, afirma Isabel.
Neste macrocosmo, o trânsito é um dos espaços no qual o individualismo é mais evidente. “O carro permite o anonimato. E cada vez mais. As películas nos vidros incentivam isso. O homem se sente mais à vontade para agir de forma menos respeitosa, cuidadosa”, diz Adriane Picchetto, que é especializada em trânsito.
O Viver Bem fez uma proposta para três pessoas que atuam em universos diferentes: uma síndica, um humorista e uma procuradora do trabalho. A idéia é que elas definissem o que é respeito e quais atitudes do dia a dia mais incomodam com a falta dele.
Fonte: Gazeta do Povo

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