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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

* Deus Não Consulta o Otorrino

Por Neir Moreira

CRÔNICA: Na dinâmica da oração tão importante quanto a sua prática é a confiabilidade nas respostas. O caráter divino, segundo os estudiosos, nos assegura pelo menos três respostas...

A relação entre a prática religiosa e a mistificação de alguns conceitos e comportamentos no contexto da fé tem recebido ao longo da história da humanidade alguns capítulos bem interessantes. O que diz respeito à oração e especialmente às respostas dela merece um destaque especial. Pelo assim eu creio.

Para o teólogo John Davis, a oração consiste em manter comunhão com Deus através da adoração, ação de graças, confissão de pecados e petições. Orar não é propriedade exclusiva do cristianismo. A maioria (se não a totalidade) das religiões não abre mão dos benefícios advindos deste exercício individual e componente litúrgico. A ciência que estuda os fenômenos religiosos mostra que a oração é a força propulsora das religiões – ela é o pulmão do homo religiosus que o permite INSPIRAR a essência da divindade e ao mesmo tempo EXPIRAR a saúde para os seus semelhantes. A verticalidade da oração aponta para o transcendente e a horizontalidade para a comunidade.

Assim como a respiração é um ato elementar do ser vivo, a oração igualmente está diretamente ligada à existência espiritual de todo homem. O primeiro homem histórica e nominalmente reconhecido somente veio à vida através do toque final: o sopro divino. A junção da substância material ao hálito de Javé concebeu Adão. Ademais, o relato bíblico no Livro de Gênesis evidencia que o primeiro homem tinha necessidade de manter-se em contato diário com o seu Criador. Assim como o primeiro homem, o da pós-modernidade igualmente carece de contato com o divino. E isso até a ciência moderna atesta. Os benefícios da prática religiosa, especialmente a oração, superam, em muito, as tentativas de alguns teóricos que tentaram minimizar a figura ou pessoa de Deus à uma projeção infantil, neurose, ou algo do gênero.

Na dinâmica da oração tão importante quanto a sua prática é a confiabilidade nas respostas. O caráter divino, segundo os estudiosos, nos assegura pelo menos três respostas. Os poetas possivelmente optariam pelas seguintes conceituações:

TUDO BEM

A resposta mais desejada pelos mortais é aquela que geralmente apenas confirma o desejo de suas almas. Se considerarmos que o “dia D” e a “hora H” são momentos cruciais para apelar a Deus em busca de respostas e soluções que aliviem o sofrimento ou ofereçam opções e direções, certamente esta é a melhor alternativa no gabarito existencial.

O próprio Jesus, durante o seu ministério terreno afirmou que “seja o que for que vós pedirdes em meu Nome, isso Eu farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14.13). Fica ressalvada a vontade de Deus, é claro. A propósito, os evangelhos nos informam tanto a agenda concorrida do Mestre Galileu quanto a enxurrada de pedidos para curas, milagres e libertações. É evidente que nem todos receberam o que buscavam. Mesmo porque muitos sequer sabiam a razão da vocação do “filho do carpinteiro”, além do mais, a maioria não se plugou na dimensão da fé – requisito indispensável para a obtenção do milagre.

ESTA NÃO É A MELHOR HORA

Sabe-se que o tempo de Deus não é nosso tempo. Mas na maioria das vezes a gente quer exatamente o contrário. O ideal humano é Deus atender os nossos caprichos. Lembro-me do filme “Todo Poderoso”, no qual um personagem que assume temporariamente o lugar daquele que detinha todo o controle apenas quis atender indiscriminadamente a todos os pedidos. Não deu outra: pane no sistema pseudo-divino. A melhor intenção não justifica a falta de critério.

Pior do que não saber esperar a melhor hora (a de Deus) é simplesmente considerar que Ele não ouviu a nossa prece, pior: ele não nos respondeu. Se admitirmos isso então Ele deixou de ser Deus. Afinal, Deus não falha, não esquece, não protela resposta. Mais, Deus não consulta o otorrino.

A vida é o laboratório no qual temos a ímpar oportunidade de conhecer a centelha divina. O fato dele não se sujeitar ao tempo do homem não significa que não tenha respondido. Segundo o apóstolo Pedro “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pe 3.8). Deus não é escravo do nosso tempo. A rigor, ele usa o tempo a seu favor. As experiências nos ensinam que o tempo da provação é exatamente o quanto precisamos para crescer em nossa pequenez e finitude. O milagre não ocorre quando somos dignos, mas quando crescemos o suficiente para aceitar nossas limitações e creditar a Deus a sua glória.

EU TENHO ALGO MELHOR PARA VOCÊ

Para quem está cansado de ouvir um “não” como resposta esta é uma expressão poética que revela um aspecto de Deus. Na maioria dos casos, nós, filhos, crescemos ouvindo como estímulo aversivo apenas um “não”. Apenas ele. Sem justificativas ou explicações. Sendo justo, alguns pais eram mais enfáticos: “não, e ponto final”. Fazer o quê...

Com Deus a relação pai-filho é divinamente diferente. Ele sempre nos oferece algo melhor. Não é preciso se frustrar com Deus. O seu “não” nunca é genérico; é providencial.

Finalmente, Deus sempre responde na hora em que oramos, embora sua resposta não siga um padrão universal. Mesmo porque o seu atendimento é personalizado.

Quando duas mãos se postam reverentemente uma diante da outra, quando a razão silencia para ouvir o ritmo do coração, quando uma fronte é colada ao solo, e quando uma oração vibra as cordas vocais, ou apenas permite o balbuciar, o Deus dos crentes – sim, daqueles que conseguem crer – imediatamente responde.

A rigor, Ele está respondendo agora, basta que oremos.

Faça o teste!

O tempo e as evidências vão provar que Deus existe... e responde!

Fonte: www.neirmoreira.com

Um comentário:

  1. Olá
    Muito agradecido pela inserção de uma crônica de minha autoria. Abç.
    Neir

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