Populares tentaram invadir o prédio onde estão Anna Carolina Jatobá, 24, e Alexandre Nardoni, 29, indiciados na última sexta-feira pela morte de Isabella Nardoni, 5, atirada pela janela do apartamento do pai no último dia 29. A confusão ocorreu no meio da tarde desta segunda-feira. Revoltados, os populares pediam justiça e diziam que iriam invadir o prédio. No momento em que um morador tentava sair pela garagem, um homem tentou entrar. Os manifestantes chegaram a abrir o portão principal do prédio, onde mora Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina, na Avenida Timóteo Penteado, mas foram contidos com a chegada de seis viaturas da Polícia Militar. Moradores do prédio desceram para pedir calma aos manifestantes.
Em entrevista concedida neste domingo ao 'Fantástico', da TV Globo, Alexandre e Anna Carolina alegaram inocência e disseram que estão sofrendo muito desde a morte de Isabella. Sentados um ao lado do outro, Alexandre e Anna Carolina disseram que Isabella fazia parte da família e que a vida dos dois acabou desde a noite do crime.
- Somos totalmente inocentes - afirmou Anna, que reclamou da forma como os dois vêm sendo tratados pela polícia, a imprensa e a população.
- Nossa vida acabou (...) Estão julgando a gente por uma coisa que nós não fizemos. Não tem nem como explicar isso. As pessoas que conhecem a gente sabem como nós somos. Eu nunca levantei a mão para ela. Eu nunca falei mais alto com ela. Não tinha motivo - disse Alexandre.
Na última sexta-feira, Alexandre Nardoni, pai da menina, e Anna Carolina Jatobá, a madrasta, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado. Apesar dos laudos, que encontraram sangue no carro do casal, e das evidências no apartamento, onde foram achadas fralda e toalha com sangue da menina, os dois negam o crime.
Passamos momentos marcantes, não entra na minha cabeça como uma pessoa pode fazer isso com uma criança - afirmou o pai, acrescentando que nunca encostava um dedo na menina e que ela era uma criança muito educada.
O casal afirmou que o sonho de Isabella era morar com eles e com os dois irmãos. Anna Carolina diz que costumava dizer que a menina era sua filha postiça.
- Duas vezes ela me chamou de mamãe, mas ela tinha vergonha e chamava de tia Carol - afirmou, acrescentando que nunca teve ciúme da menina.
Alexandre também rebateu os depoimentos de testemunhas relatando as brigas do casal. Disse que a família vivia muito bem, que ele e a mulher só tinham brigas rotineiras de casal e que Isabella era adorada por ambos.
- Isabella era tudo na nossa vida - disse.
Alexandre disse ainda que a família agora estará sempre incompleta porque não terá mais "nossa princesinha". Perguntados sobre as evidências de que não havia uma terceira no apartamento, os dois reafirmaram a tese de que o crime foi cometido por outra pessoa:
- Deus é nossa principal testemunha.
Pai de Alexandre reclama da polícia
Também neste domingo, o pai de Alexandre, o advogado Antonio Nardoni, questionou as investigações da polícia sobre a morte de sua neta. Segundo ele, a defesa do casal tem encontrado diversas irregularidades na apuração do crime, inclusive na conduta da delegada assistente, Renata Pontes, que conduz o inquérito ao lado do delegado Calixto Calil Filho, do 9º distrito policial, no Carandiru.
- Se nota uma série de fatos que têm ocorrido nesse inquérito, que o deixam sob suspeição. A delegada que conduz o inquérito (Renata Pontes), no domingo passado, chamou meu filho de assassino e a partir daí ela comandou toda a parte do depoimento (entre sexta e a madrugada de sábado). Isso é um absurdo e não deveria ter acontecido. Já que ela pré-julgou, não poderia tomar esses depoimentos. Deveria haver outra autoridade tomando esses depoimentos. Uma pessoa que deixa de lado a sua autoridade como policial, que deve julgar mediante provas, e já faz um pré-julgamento, tudo o que ela conduz é suspeito, a partir daí - disse.
Um dos advogados de defesa do casal, Antonio Levorin, afirmou que pretende questionar judicialmente o interrogatório do casal.
Antonio Nardoni colocou em dúvida também as provas que constam nos laudos da perícia, e que são apontadas pela polícia como definitivas para o esclarecimento do caso e indiciamento do casal por homicídio triplamente qualificado. De acordo com o pai de Alexandre, a defesa ainda não teve acesso a essas informações.
- Nós temos um carro cheio de sangue, depois não tem mais sangue. Agora aparece sangue de novo. As coisas são muito complicadas. Agora aparece uma fralda, que teria sido usada para limpar o rosto da menina. Quem em sã consciência imagina que uma pessoa, naquele pouco tempo, teria tempo de fazer tudo, lavar, torcer e estender a fralda? São coisas assim que você não imagina como é que alguém poderia fazer tudo isso num espaço de tempo curto. Planejar o que ia dizer (no depoimento), lavar as coisas. Isso é humanamente impossível. Todas essas coisas magoam um pouco, mas é uma provação que nós temos que passar. Eu já disse várias vezes que acredito na inocência deles. Sempre tive absoluta certeza que eles nunca fariam isso - desabafou o pai de Alexandre Nardoni.
A perícia concluiu que da chegada do casal ao apartamento até o primeiro pedido de socorro ao Resgate, após a morte de Isabella, passaram-se 12 minutos. Alexandre e Anna Carolina se contradisseram sobre esses horários nos dois depoimentos à polícia. O Instituto de Criminalística (IC) descartou a presença de uma terceira pessoa na cena do crime.
Ele concluiu dizendo que o trabalho da polícia está direcionado para incriminar Alexandre a Anna Carolina Jatobá.
- Não há o menor interesse (da polícia) de ouvir alguém que ajude a esclarecer o caso. Só são ouvidas testemunhas de acusação. A própria imprensa encontrou uma pessoa (pedreiro) que disse que a casa ao lado havia sido arrombada (uma obra ao lado do prédio de onde a menina foi jogada, que permitiria a entrada no edifício). Depois essa pessoa vai ao 9º DP e sai dizendo que não houve arrombamento, que não falou nada com a imprensa. Não sou eu que estou dizendo, foi a imprensa que levantou. Nós temos duas testemunhas que disseram que ter visto a minha filha (Cristiane Nardoni) num bar, quando na verdade ela estava em outro bar - afirmou.
O pai de Alexandre voltou a afirmar que se soubesse que Alexandre assassinou a própria filha seria o primeiro a obrigá-lo a assinar a confissão.
Segundo Antonio Nardoni, o casal está muito abalado principalmente com manifestações populares que vêm ocorrendo contra ele. Muros perto da casa foram pichados pedindo Justiça, e a toda hora cartazes são colocados na portaria do prédio da família de Anna Carolina Jatobá, em Guarulhos.
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